quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Conquista de mais duas vias em Andradas/MG

Não é novidade que o bairro do Pântano localizado na pacata cidade de Andradas/MG tem se tornado um lugar muito apreciado por mim. Confesso que demorei a conhecer as escaladas em Andradas, sempre atolado no trabalho e com finais de semana cheios de compromisso me arrependo pois deveria ter ido antes. Da primeira vez que fui foi ''amor ao primeiro camalot'', isso porque o estilo de escalada de Andradas me atrai muito, vias longas, uso de proteções móveis, qualidade da rocha, etc... Nessas idas e vindas acabei conhecendo e gostando muito do pessoal do Abrigo Pântano (www.abrigopantano.com.br), lugar calmo de gente pacata e amigável, o abrigo acabou se tornando uma extensão da minha própria casa, se não estou trabalhando ou com minha família, estou no abrigo. Ainda acho que deveria ir mais, mas com guiadas, cursos e compromissos familiares meus finais de semana são super programados.

Trilha para a Pedra do Pântano
No mês de agosto, em duas investidas na Pedra do Pântano acabamos por conquistar duas vias no setor Campo Escola, a primeira linha era projeto do ano passado, ao descer da conquista da via Tico Marrento, eu e Jacaré avistamos essa linha que deveria proporcionar uma via esportiva. Com os planos em mente faltava parceiro pois o Jacaré estava trabalhando na África, convidei o Cristian, amigo de longa data e figuraça da turma da Grade6. Carregamos o carro e depois de algumas horas estávamos na base da via.

Batendo a primeira chapa da ''Pra quem é ta bom''
Decidi por começar a conquista, logo coloquei um cliff de agarra e subi nos estribos, nesse ponto resolvi bater uma chapeleta, como nossa furadeira ainda não tinha chegado, abrimos as 4 primeiras proteções fixas no batedor mesmo, em uma média de 20 minutos por furo. Depois disso coloquei um camalot .3, que mais tarde seria substituído por um stopper BD 9, nesse ponto bati um furo de cliff para bater a segunda chapa mais acima. Depois de mais um bom tempo pendurado nesse cliff a segunda chapa estava batida, era hora de descer, hidratar e comer. Logo após o Cristian assumiu a ponta da corda e bateu mais um buraco de cliff e mais uma chapa, ele desceu e eu assumi a conquista novamente. Desse ponto saí em livre e protegi com um camalot .5 em uma grande laca de pedra, depois de mais 2 metros estava acima desse platô batendo a 4a chapa. Já estava ficando tarde e precisei bater essa chapa bem rápido, deixei um cordelete de abandono e logo estava no chão, ali era a metade da via.


5a proteção da '' Pra quem é ta bom''
Voltamos no outro final de semana, munidos agora de nossa tão esperada furadeira, com ajuda dos cliffs, logo estava na parte onde havíamos parado, assim segui com meus estribos para bater a 5a chapa. Pisando alto fui testar a furadeira que se mostrou leve e potente, combinação mais que perfeita para qualquer conquistador. Nesse ponto optamos por deixar a via bem protegida, qualquer queda poderia chegar no plato... Bati a 5a e a 6a chapa e logo o Cris assumiu a ponta, saindo em livre ele bateu a 7a proteção e tocou para a parada, com minha segurança pronta escalei o final de nossa via, muito legal e técnica.
Batizamos a via de ''Pra quem é ta bom'' e achamos que a graduação será em torno de 6 sup, ao rapelar a via ainda pilhei o Cris e acabamos conquistando mais uma linha na parte de baixo. Uma via curta de ''agarrência'' que acompanha a parte direita da parede. Essa outra batizamos de '' #Capai memo'', bordão exaustivamente recitado por todos da Grade 6, risos... Acreditamos que a graduação gire em torno do 4 sup, chegando em uma das paradas do Jacaré.

Primeira chapa da #Capai Memo
Tudo isso foi apenas o sábado de nosso final de semana, com uma boa macarronada e uma longa noite de sono no domingo programamos a repetição da via Tico Marrento, uma dura linha que conquistei com o Jacaré em novembro. Com nossas luvas de fenda devidamente colocadas lá fui eu me entalar na grande fenda, logo na saída protegi com uma camalot .75, entalei a mão esquerda e ganhei um pouco mais de altura e protegi dessa vez com um camalot 4. Continuei me arrastando pela fenda até proteger com um camalot 5, mais um pouco e tentei colocar o 6 que não ficou muito bom, nessa parte você chega a uma pedra entalada, usa ela como agarra e finalmente sai desse aperto, ufa! Logo acima coloque 2 camalots pequenos (.3 e .4) e toque pela face, atenção nesse lance, dependendo de onde estiver uma queda pode dar chão. Ao chegar na base de uma pequena árvore é possível montar uma parada móvel com 2 camalots (2 e 3), use fitas longas. De lá fiz a seg do Cris e logo estávamos juntos na P1 Opcional, toquei o resto da chaminé e rapidamente estava na parada. Nos reunimos e comemoramos o que achamos ser a primeira repetição da Tico Marrento.

Saída da Tico Marrento


Camalot 6 na chaminé da Tico Marrento



Descemos e logo estávamos no abrigo almoçando a comida da Nice, terminamos o final de semana com um saldo super positivo, 2 vias conquistadas e um ''first ascent'', risos.
Obrigado ao Cris pela parceria e confiança. E esse final de semana tem mais Andradas, lá vamos nós para o Pântano, escalar, desfrutar, prosear com a Nice, etc.






Abaixo os vídeos das escaladas.





Croquis:








Agradecimentos:

Abrigo Pântano
Spyffer Rock Shoes



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sapatilhas Spyffer

Quando comecei a escalar em 2006 não fazia ideia da imensidão desse mundo, tanto em estilos como em lugares. Mas uma coisa se destacava, a diversidade de equipamentos. Sempre fui curioso e deslumbrado com a variedade e principalmente evolução dos equipamentos de escalada, desde que comecei a escalar surgiram tantas tecnologias que muitas vezes me pego perguntando.... O que mais vão inventar???
Infelizmente o Brasil não é um destaque quando falamos em desenvolvimento e lançamento de novos equipamentos para escalada, temos ótimos fabricantes em nosso país, mas o investimento e principalmente incentivo no exterior é muito maior.
Falarei de um equipamento específico neste post, a sapatilha de escalada! Muitos clientes me perguntam, qual a melhor? Tem que ficar apertada? De cadarço ou de velcro?
Minha resposta é sempre uma... depende.... mas porque depende?
A escolha da sapatilha de escalada vai depender de vários fatores:

  1. Estilo ou modalidade de escalada que você pratica ou irá praticar, um escalador tradicional jamais usará uma sapatilha apertada ou curva demais, pois geralmente ele passa horas com ela no pé.
  2. Forma ou formato do seu pé, podemos ter a mesma numeração, mas nunca o mesmo formato de pé, alguns tem os pés mais largos, outros mais finos.
  3. Laceamento, as sapatilhas de escalada, assim como os tênis, se adaptam ao pé do usuário. Sempre pense que ao usar o calçado de escalada a tendência é ele moldar ao seu pé, quanto mais usar, mais confortável vai ficar.
  4. Velcro, cadarço ou elástico? Uma questão que envolve, uso, estilo e modalidade. Por questões lógicas, o velcro e elástico irão gastar com o passar do tempo, mas são mais simples na hora de tirar e colocar. Atualmente eu prefiro o cadarço, tendo em vista que a regulagem é mais eficaz e não fico tirando e colocando a sapatilha toda hora.
Pensando em tudo isso com meu estilo de escalada já definido (Tradicional e Big Wall) fui atrás de uma sapatilha nacional que atendesse minha expectativa. Infelizmente não achei nenhuma, tentei as importadas, achei alguns modelos, nenhum era revendido no Brasil. O que fazer então?
Foi nesse instante que viajando pela internet achei o Marco Piffer, fabricante de sapatilhas nacionais. Imediatamente entrei em contato com ele solicitando a minha sapatilha, para vias longas, acabamos por fechar uma parceria e hoje ele me apóia com suas sapatilhas.



Após algumas conversas decidimos criar uma sapatilha que atenda as necessidades de um escalador de parede, sendo confortável e precisa ao mesmo tempo. Marco a batizou de Salinas, em homenagem á esse imenso trad point localizado em Nova Friburgo - RJ, lugar considerado o berço das grandes vias no Brasil.
Essa sapatilha teria um cano mais alto que as comuns, garantindo assim mais estabilidade e proteção para as fendas, com cadarço e um ''shape'' mais plano, garantindo assim o conforto. 
Marco prontamente fabricou a sapatilha em apenas alguns dias, rapidamente estava comigo para testes. É importante ressaltar que as sapatilhas Spyffer são feitas artesanalmente, isso quer dizer que desde a fabricação da borracha até as costuras são feitas em um processo manual, valorizando assim mais o calçado. 
A borracha da sapatilha não deixa nada a desejar em comparação com a Vibram ou C4, eu inclusive a achei mais aderente do que a maioria das borrachas das sapatilhas nacionais.



Realizei alguns testes com o modelo Salinas e o resultado foi surpreendente, de longe a melhor sapatilha nacional. Estou utilizando-a tanto na rocha quanto no muro, 100% de satisfação.








Outro ponto á  se destacar é a abertura que o Marco tem com os clientes, solicitei a sapatilha do meu ''jeito'' e ele prontamente disse que poderia fabricar, um ponto muito positivo á favor dos escaladores. Tenho certeza que em grandes marcas essa flexibilidade não existiria.
Então se você é escalador de parede, longas vias e quer uma sapatilha à um preço justo e com qualidade opte pela Salinas!

Agradecimentos: Spyffer Rock Shoes


Abraços e Boas Escaladas