Parte do grupo no Campo Base do Huayana Potosi |
Huayna Potosi visto do Campo Base |
No 12o dia de expedição acordamos cedo, tomamos café e subimos para o campo alto, há uma altitude de aproximadamente 5130 (quase a mesma altitude do cume do Tarija), a subida começa em pedras e em um determinado ponto colocamos os crampons pois começa a acumular gelo e neve. Um fato importante é que no Huayana nos juntamos ao grupo de um projeto chamado ''Expedições Inclusivas'', com o grupo estavam 2 deficientes visuais, Ed e Lucimara, duas figuras carismáticas e guerreiras. Ed foi na minha corda junto com o Sérgio (guia boliviano) por toda a montanha acima, nessa hora senti o peso de ter alguém que confia e principalmente que precisa de você.
Subida ao Campo Alto |
Subida ao Campo Alto |
Subida ao Campo Alto |
Todos chegaram muito bem até o campo alto, pegamos uma leve nevasca na subida mas sem maiores complicações... Ed e Lu estavam muito bem, caminhavam forte e sem parar, não os ouvi reclamar por uma vez, um exemplo para nós (videntes) que com qualquer obstáculo reclamamos e desistimos facilmente. No campo alto nos fixamos na parte de trás do refúgio, dormindo em beliches, prontamente fui me hidratar e comer alguma coisa... Deitei na cama e me cobri com o saco de dormir, acordei com o Edú me chamando para jantar, havia dormido algumas horas e nem tinha me dado conta... o cansaço acumulara de todos os dias...
Chegada ao Campo Alto (5130 metros) |
Horas depois todos despertarem para o grande desafio, tomamos café e partimos rumo ao cume. A ideia era sair por volta da 1h mas demoramos muito e saímos por volta de 2 e 30hs, essa uma hora e meia faria muita falta depois. Começamos a caminhar, ainda estava bem frio, depois de algum tempo percebi que meu dedão da mão direita estava dormente, prontamente comecei a movimentá-lo e quando o apalpei com a outra mão percebi que estava um pouco duro... Depois de alguns minutos mexendo a mão ele voltou ao normal... Nesse ponto comecei a me preocupar com o Ed, perguntava a toda hora se ele estava com frio, fome, calor, etc... E ele só me fazia uma pergunta: ''Estamos chegando?'' e minha resposta era sempre a mesma: '' Xiii está longe viu!''
Não queria desanimá-lo mas sim ser realista... ainda estava de noite, e realmente faltava muito.
Caminhamos por horas até chegarmos na barreira dos 5650 mts, nesse ponto existe uma passada mais vertical, a cordada do Dú subiu na frente e eu subi logo atrás com o Sérgio e o Ed. Ao chegar na base dessa ''parede'' Ed quis desistir, prontamente eu o incentivei e rapidamente ele mudou de ideia e começou a subir, como instalamos uma corda fixa tudo ficou mais fácil, Ed ia se apoiando nos crampons, corda e eu o auxilava de baixo. Depois de uns 20 metros de ''escalada'' vencemos a parte mais vertical e chegamos a 5700. Ufa, todos nos esperavam com sorrisos, a emoção logo tomou conta do ambiente junto com os primeiros raios de sol.
Me sentei com meus parceiros de montanha e logo chegava a cordada com Karina e Nazaré, nesse ponto todos estavam bem cansados, a maioria do grupo desistiu nesse ponto. Conversei um pouco com o Dú e ele me disse para seguir rumo ao cume que ele ficaria com o resto dos participantes. Perguntei para Karina se ele seguiria e ela disse que não, logo refiz minha pergunta para Nazaré, que demorei para convencer....
Atacando o cume do Huayana com Luis e Nazaré |
Montamos uma nova cordada eu, Nazaré o nosso guia boliviano Luis, seguimos rumo ao Cume. Caminhamos por volta de 1 hora e ainda estávamos bem longe do cume, eu estava exausto e chegando á 5850 mts optamos por descer. Já estava tarde e estávamos cansados....
Descida do Huayna |
Última foto na barreira dos 5850, mesmo descendo, feliz. |
Descida do Huayna |
Descida do Huayna |
De volta à La Paz dormimos muito e fomos passear pela cidade. No outro dia embarcamos de volta para o Brasil.
Volto dessa experiência muito satisfeito e contente com as 3 montanhas em que estive.
Obrigado à todos que torceram e mandaram energias positivas.
O gostinho de quero mais ficou e ainda está guardado... Espero voltar e terminar esse assunto pendente... risos.
Abraços e boas escaladas.