segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Expedição Huayna Potosi (6088 mts) - Bolívia 2013 - Grade 6 Viagens

Depois de 09 dias de curso, finalmente um belo descanso em La Paz, nesse dia aproveitei para fazer compras e passear um pouco pela cidade. Pegamos o transfer para o Campo Base do Huayna Potosi, cerca de duas horas depois chegamos ao nosso destino há 4700 metros. A grande diferença do campo base do Condoriri para o Huyana é que usamos os famosos abrigos de montanha no Huayna, garantindo assim, um pouco mais de conforto...

Parte do grupo no Campo Base do Huayana Potosi

Huayna Potosi visto do Campo Base

No 12o dia de expedição acordamos cedo, tomamos café e subimos para o campo alto, há uma altitude de aproximadamente 5130 (quase a mesma altitude do cume do Tarija), a subida começa em pedras e em um determinado ponto colocamos os crampons pois começa a acumular gelo e neve. Um fato importante é que no Huayana nos juntamos ao grupo de um projeto chamado ''Expedições Inclusivas'', com o grupo estavam 2 deficientes visuais, Ed e Lucimara, duas figuras carismáticas e guerreiras. Ed foi na minha corda junto com o Sérgio (guia boliviano) por toda a montanha acima, nessa hora senti o peso de ter alguém que confia e principalmente que precisa de você. 

Subida ao Campo Alto

Subida ao Campo Alto

Subida ao Campo Alto

Todos chegaram muito bem até o campo alto, pegamos uma leve nevasca na subida mas sem maiores complicações... Ed e Lu estavam muito bem, caminhavam forte e sem parar, não os ouvi reclamar por uma vez, um exemplo para nós (videntes) que com qualquer obstáculo reclamamos e desistimos facilmente. No campo alto nos fixamos na parte de trás do refúgio, dormindo em beliches, prontamente fui me hidratar e comer alguma coisa... Deitei na cama e me cobri com o saco de dormir, acordei com o Edú me chamando para jantar, havia dormido algumas horas e nem tinha me dado conta... o cansaço acumulara de todos os dias...

Chegada ao Campo Alto (5130 metros)
Me sentei para jantar e ouvi boatos que a janta era especial, e realmente estavam certos, quando a porta se abre entra o Osvaldo com pratos de hambúrguer com batata frita... Eu não acreditava, um junk food há 5130 mts não é para qualquer um. Comi meu hambúrguer e mais um pelo que me lembro, risos.... O plano era atacar o cume na mesma madrugada, me deitei e tentei descansar um pouco, sairíamos horas mais tarde para tentar quebrar a barreira dos 6000 mts.... Não preguei o olho essa noite, um pouco por conta da ansiedade, mas ficava com o pensamento longe, em minha mulher Marcella, minha família em São Paulo e em meu grande parceiro que se foi Tico. 

Horas depois todos despertarem para o grande desafio, tomamos café e partimos rumo ao cume. A ideia era sair por volta da 1h mas demoramos muito e saímos por volta de 2 e 30hs, essa uma hora e meia faria muita falta depois. Começamos a caminhar, ainda estava bem frio, depois de algum tempo percebi que meu dedão da mão direita estava dormente, prontamente comecei a movimentá-lo e quando o apalpei com a outra mão percebi que estava um pouco duro... Depois de alguns minutos mexendo a mão ele voltou ao normal... Nesse ponto comecei a me preocupar com o Ed, perguntava a toda hora se ele estava com frio, fome, calor, etc... E ele só me fazia uma pergunta: ''Estamos chegando?'' e minha resposta era sempre a mesma: '' Xiii está longe viu!''

Não queria desanimá-lo mas sim ser realista... ainda estava de noite, e realmente faltava muito. 

Caminhamos por horas até chegarmos na barreira dos 5650 mts, nesse ponto existe uma passada mais vertical, a cordada do Dú subiu na frente e eu subi logo atrás com o Sérgio e o Ed. Ao chegar na base dessa ''parede'' Ed quis desistir, prontamente eu o incentivei e rapidamente ele mudou de ideia e começou a subir, como instalamos uma corda fixa tudo ficou mais fácil, Ed ia se apoiando nos crampons, corda e eu o auxilava de baixo. Depois de uns 20 metros de ''escalada'' vencemos a parte mais vertical e chegamos a 5700. Ufa, todos nos esperavam com sorrisos, a emoção logo tomou conta do ambiente junto com os primeiros raios de sol. 

Me sentei com meus parceiros de montanha e logo chegava a cordada com Karina e Nazaré, nesse ponto todos estavam bem cansados, a maioria do grupo desistiu nesse ponto. Conversei um pouco com o Dú e ele me disse para seguir rumo ao cume que ele ficaria com o resto dos participantes. Perguntei para Karina se ele seguiria e ela disse que não, logo refiz minha pergunta para Nazaré, que demorei para convencer.... 

Atacando o cume do Huayana com Luis e Nazaré

Montamos uma nova cordada eu, Nazaré o nosso guia boliviano Luis, seguimos rumo ao Cume. Caminhamos por volta de 1 hora e ainda estávamos bem longe do cume, eu estava exausto e chegando á 5850 mts optamos por descer. Já estava tarde e estávamos cansados....

Descida do Huayna

Última foto na barreira dos 5850, mesmo descendo, feliz.
Descemos até o campo alto e descansamos um pouco, ainda tínhamos que chegar ao Campo Base. Após algumas horas de caminhada chegávamos ao ao campo base onde descansamos e no mesmo dia voltamos à La Paz.

Descida do Huayna

Descida do Huayna

De volta à La Paz dormimos muito e fomos passear pela cidade. No outro dia embarcamos de volta para o Brasil. 

Volto dessa experiência muito satisfeito e contente com as 3 montanhas em que estive. 
Obrigado à todos que torceram e mandaram energias positivas.

O gostinho de quero mais ficou e ainda está guardado... Espero voltar e terminar esse assunto pendente... risos.

Abraços e boas escaladas.




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